sexta-feira, 1 de junho de 2007

A família cigana!


A comunidade cigana valoriza a família e como diz um deles “a família tem que ser constituída por pai e mãe. O casal tem que saber ganhar a vida para dar condições aos seus filhos. Eles são o nosso primeiro amor, eles são tudo para nós. Eu escrevi uma canção onde digo que os meus filhos são a razão da minha vida, do meu viver”.
É curioso o quanto este amor determina por exemplo o período de amamentação dos bebés.
Uma mulher cigana deve amamentar o seu filho e só se tira o peito a uma criança quando esta não quiser mais. O marido fica muito ofendido se a mulher disser que vai tirar o peito ao filho, o miúdo é que decide.
Relativamente aos casamentos e à polémica que eles levantam especialmente porque antigamente se casavam noivos ainda adolescentes, o Zé Luís defende que “quando casamos um filho sabemos sempre para onde é que ele vai. Conhecemos muito bem a outra família e os noivos não são obrigados. Por uma questão cultural e familiar penso que estamos preparados para casar mais cedo que os ”pajos” *.
O casamento pela lei cigana tem muito valor e é válido; para eles é sagrado e é lhes indiferente por exemplo que no bilhete de identidade venha o estado civil de solteiro.
O casamento misto não é bem visto especialmente se for a rapariga cigana a escolher um companheiro “de fora” da sua raça.
Diz-se que os ciganos têm muitos segredos, os quais não são passados para fora da comunidade mas segundo alguns dos nossos conhecidos isso não corresponde à verdade, é mais imaginação e criatividade dos “pajos”. A verdade é que a comunidade cigana utiliza o calão para não serem entendida pelos outros, portanto não é uma questão de segredos mas “uma questão de língua secreta”.

* “pajo” - individuo da raça não cigana

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá,

andava a procurar informações sobre amamentação na comunidade cigana e adorei encontrar este post.

No mundo ocidental deixamos de acreditar nos nossos bebés e na sua capacidade de decidir quanto, quando e durante quanto tempo mamar.

Desde que o meu bebé nasceu que me tenho confrontado com a representação (completamente errada) de familiares e amigos sobre a alimentação do bebé. As pessoas pensam que um bebé só estará bem se viver rodeado de esterilizadores, biberões, chupetas, leite em pó, papas e coisas afins. Tudo parece ser mais importante do que o peito da mãe.

Muito muito motivador ver que na comunidade cigana se preserva aquilo que é mais natural, deixar o bebé decidir sobre a sua alimentação.

Adoraria ler mais sobre a vossa experiência com este tema. Quem sabe seria possível eu e o meu bebé fazermos uma visita ao vosso projecto e trocarmos mais conhecimentos sobre isto?

bom trabalho