quarta-feira, 20 de junho de 2007

Cansado da rotina!




Nota – este testemunho é verdadeiro e foi vivida pelo Eddy Cassandra, cidadão de S.Tomé e Príncipe. Depois desta aventura realizada quando ele tinha 9 anos, voltou mais tarde a Portugal, tendo frequentado em 2000 o ATL da Galiza, altura em que nos deu este testemunho. Hoje trabalha, é casado e pai de uma criança.

“Tudo começou quando eu resolvi dar um rumo à minha vida.
Estava farto da rotina…
Estava em S.Tomé em casa da minha madrasta e do meu pai a viver, e calha que nunca podia passar férias com a minha mãe.
Então decidi pedir ao meu pai para ir passar férias com ela, só que o meu pai não queria me deixar ir.
Estava um amigo dele lá em casa que pediu ao meu pai para me deixar ir, mesmo assim ele não quis.
Eu supliquei para me deixar ir, o amigo do meu pai é que disse: “deixa lá o miúdo ir à mãe” e o meu pai disse “eu deixo-te mas só que não te pago o táxi”.
Foi graças ao seu amigo que me pagou o táxi que eu fui.
O meu pai vira para mim e diz: “quando é que tu voltas?” Eu disse-lhe que vinha numa terça-feira.
Era sábado quando eu fui ter com a minha mãe.
Quando lá cheguei dei um abraço muito grande a ela. Esse abraço foi de tanta saudade que sentia por ela.
Quando eu acabei de matar tanta saudade, já era terça-feira.
Eu despedi de minha mãe e dos meus irmãos, e depois apanhei um táxi para a cidade, e calha que o taxista era meu amigo. Quando chegámos à cidade eu sai do carro e fui dar uma volta, quando dei conta já estava no aeroporto.
Fiquei lá sentado durante muito tempo, eu fiquei a lembrar o dia quando levei os meus tios ao aeroporto para eles partirem.
De tanto recordar eu acabei por ficar lá até os passageiros começarem a entrar para a sala de espera.
Eu fiquei com tanta a ansiedade e acabei por também entrar.
Tínhamos que entrar numa fila, só que eu não entrei, eu encostei na porta de entrada e tentei passar atrás da polícia que estava lá. Consegui passar.
O mais difícil já passou foi o que eu disse dentro de mim.
Estava na sala de espera me pediram os meus documentos, que eu não tinha nada comigo nem passaporte, nem BI nem cédula de nascimento.
Como eu não tinha nada comigo eu pedi à senhora para ir à casa de banho e ela me disse para eu ir lá dentro, só que ela me disse para depois voltar para mostrar os meus documentos.
Eu fui e já não voltei para lhe mostrar os papéis.
Fui à casa de banho e acabei por ficar lá dentro à espera que chamassem os passageiros.
Quando chamaram eu segui um homem que trazia duas crianças com ele.
Consegui entrar no avião e também ocupei um lugar de uma pessoa.
Quando cá cheguei, a Portugal, estava no Inverno, calha que eu estava só de t-shirt e um calção e também com uns ténis. Fui logo apanhado.
O meu pai quando recebeu o fax a dizer que eu estava em Portugal não acreditou e acabou por desmaiar, deram-lhe um copo de água com açúcar, ele voltou a ler o fax. Levou o papel para mostrar à minha madrasta. Ela quando viu o fax acabou por ficar paralisada.
A minha mãe quando soube que eu não estava com o meu pai, acabou por fazer um escândalo com ele.
E eu cá em Portugal a gozar a minha vida…e acabei por ficar cá oito dias.
Quando eu fui embora levei dois jornalistas e também dois guarda-costas.
Eu vim sem nada e fui com imensas coisas que me deram: roupa, computador, bicicleta, televisão e até viagens de borla.
Quando cheguei lá em S. Tomé acabei por ficar espantado, tinha tanta gente que me queria ver, tantos jornalistas, eu acabei por ficar muito comovido só por causa de tantos elogios que me fizeram.
O meu pai estava quase a chorar, a minha mãe chorou muito e eu fiquei muito feliz por ter uma fama como essa.
É uma história que eu nunca irei esquecer durante a minha vida inteira!”

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