sábado, 18 de agosto de 2007

Quando os chinelos não aguentam uma chuvada em Calcutá!

Soubemos finalmente o que é chover a sério aqui ... começou a chover numa tarde e só parou na tarde seguinte! durante essa manhã nem pudemos sair do hotel e, à tarde, quando finalmente saimos a água dava-nos pelo joelho ... agora imaginem passar todos os dias por ruas cheias de lixo, baratas, ratos e mais alguma coisa e ver essas ruas agora cobertas de água que teriamos de atravessar ... ficamos à porta do hotel quase dez minutos para ganhar coragem e depois lá fomos! até foi divertido (senão pensarmos no que estavamos a pisar); no meio deste dilúvio os meus chinelos partiram-se e tive que andar descalço ... claro que entrei na primeira loja de sapatos que vi e comprei umas sandalias das mais baratas que havia!!!

PS - na foto em baixo tirada pelo Rodrigo podemos ver o Tomás passeando calmamente num riacho!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Saudação indiana!


Namastei!
Tumin kom onachi?
(ola! como é que isso vai?)

Dois dos muitos voluntários em Calcutá!



Continuamos a ir a Daya Dan, mas estamos a ver se mudamos de casa para ir a uma que se chama Prem Dam (durante as manhãs) porque na primeira como estão crianças vão para lá imensos voluntários ... quase que há mais voluntários que crianças!
À tarde temos ido a Kalighat (casa dos moribundos) e tem sido uma experiência dura, mas óptima! ali encontramos as pessoas que foram completamente abandonadas e esquecidas por toda a gente ... há uma carrinha das Missionarias da Caridade que passa pelas estações de comboio e vai recolhendo aqueles que estão deitados no chão ... abandonados, esquecidos, à espera de alguma coisa ...
No outro dia estava a dar de comer a um homem e, no fim deitei-o para que dormisse. Fiquei um bocado sentado ao lado dele. Foi incrivel olhar-lhe nos olhos e não ver nem sentir qualquer expressão, qualquer sentimento, qualquer sinal de vida ... há lá um homem que é tão magro, tão magro que literalmente é um esqueleto coberto de pele ... não tem qualquer musculo no corpo de tal maneira que se alimenta por soro e nem consegue quase mexer uma perna sozinho ...

Às tercas e sabados vamos para uma enfermaria que é uma sala com 6 "postos" e onde veem as pessoas da rua para tratarem as feridas, receberem remedios, etc! é óptimo trabalhar lá porque alem de fazermos coisas que gostamos, é uma maneira de ajudar muito concretamente aquelas pessoas que tratamos e que procuram a nossa ajuda! a enfermaria abre às 9h mas desde as 8h já existe uma fila de pessoas que veem para serem tratadas ... eu e o Rodrigo ficamos sempre juntos num posto: limpamos as feridas, pomos pensos novos e gritamos "next" e vem o proximo e assim por adiante ... no primeiro dia tratamos um miudo (que devia ter 15 anos); tinha-se queimado com água quente no pé, mas só o foi tratar passado tres dias quando já estava cheio de bolhas e infectado ... tivemos quase uma hora a tirar toda a pele queimada e depois pusemos-lhe um penso. Na vez seguinte que lá fomos, o miudo veio, falou-nos e agradeceu-nos. Já estava muito melhor!!!

PS - os nossos voluntários estão ligados à area da saúde, o Tomás como estudante do 3º ano em medicina dentária e o Rodrigo no 4º ano de medicina.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Fomos visitar uma das obras da Madre Teresa de Calcutá


Hoje fomos à primeira casa de todas que a Madre Teresa fundou aqui em Calcutá, chama-se Khalighat e acolhe moribundos que são encontrados na rua; eles vem para aqui passar os ultimos dias.
Fomos com o Luis porque ele já trabalha lá e mostrou-nos o que se faz .
Quando se entra há logo uma camarata grande com quase 50 camas onde estão os homens. Num quarto mais à frente estão as mulheres, mas não nos deixaram lá entrar.
O trabalho aqui consiste em dar-lhes de comer,levar os que conseguem à casa de banho e os que não conseguem limpá-los e mudar a roupa. Depois mudam-se os pensos aos que tiverem e faz-se massagems a alguns.
É uma casa que impressiona muito à primeira vista e é bastante mais duro trabalhar-lhe lá do que em Daya Dan. Estavam lá dois homens que provavelmente vão morrer amanhã ou depois e faz alguma impressão ...

Um abraço para todos
Tomas e Rodrigo

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Madre Teresa!

...e o vento continua assoprar da India!

Namasteij carissimos amigos, familiares, colegas, conhecidos e demais!
acabaram de receber a saudação indiana.

Passada já quase uma semana na India, finalmente começámos a entrar no ritmo e no estilo de vida daqui. As ruas de Calcutá já não são aquele mistério e já conhecemos cada vez mais pessoas e pouco a pouco (muuuuuuuuuuuuito pouco a pouco) vamos ficando habituados ao calor.
Conhecemos um português que esta cá, um medico chamado Luis; está sozinho. Já saiu de Portugal há um ano e viajou pelo Congo, Uganda, Ruanda, Etiopia, Indonesia, Nepal, Tibete e agora India! como já conhece bem esta zona, tem sido uma boa ajuda, para não falar da companhia!
Anteontem fomos finalmente ao sitio onde vamos trabalhar, chama-se Daya Dan e é uma casa das Irmãs da Caridade da Madre Teresa. Só tem crianças e a maioria são deficientes fisicas e as que não são, não falam nada ou tem perturbações mentais porque foram abandonadas nas ruas ou eram abusadas pelas familias ...
Chegamos todos os dias às 8h e comecamos por limpar e mudar as camas enquanto as crianças tomam banho com ajuda das irmãs. Depois os mais deficientes fazem um género de fisioterapia com os voluntarios com o objectivo de os ajudar a "desempenar" as articulações e ganharem alguma mobilidade porque eles passam o dia todo na mesma posição e quando se querem mexer quase que não o conseguem.Segue-se uma aula de musica com alguns miudos em que eu e o Rodrigo vamos substituir dois espanhois que partem esta quarta e somos nós que vamos ser os professores de musica!!! para aqueles que não acreditavam, eu sempre disse que cantava bem!!!
Por volta das 11h damos o almoço, levamo-los à casa de banho e às 12h dormem a sesta que é também a hora em que os voluntarios saiem do centro.
O trabalho não é nada exigente fisicamente, com excepção do calor, e tem sempre uma motivação extra porque são crianças e dá para brincar com algumas; vê-se que ficam contentes e que nos vão reconhecendo cada vez mais. O principal problema é com as crianças deficientes que não falam e é quase impossivel perceber o que elas sentem, se estão contentes ou tristes, se querem alguma coisa ... é complicado e faz alguma confusão!....
Um grande abraço e beijinho
Tomás

sábado, 4 de agosto de 2007

Da India com amor !

Carissimos amigos, familiares, conhecidos e demais!
Eis que finalmente chegámos a Calcutá!
A primeira impressão que tivemos foi assim que saimos do avião à meia noite e estavam estavam 39 graus ... quando acordamos de manhã podem imaginar que estavam pelo menos 40º!
A viagem para cá correu bem, apesar de muito longa...tivemos um grande bonus porque trocaram qualquer coisa nos nossos bilhetes e então viemos em primeira classe!!! Tivemos direito a champanhe... vimos filmes que podiamos escolher e dormi uma bela sesta na cadeira que dava massagens lombares!
Quando chegamos finalmente a Calcutá fomos abalroados por dez taxistas e lá entramos num que nos levou ao hotel. A viagem demorou 20 minutos e iamos morrendo, sem exagero, 20 vezes! o transito aqui é completamente descontrolado e caótico, não há faixas de rodagem nem regras de transito e a única "regra" que existe é a de buzinar de um em um minuto! o taxi levou-nos pelos caminhos mais estranhos que havia e já pensávamos que iamos ser raptados!... mas lá chegámos bem ao hotel e finalmente conseguimos descansar qualquer coisa.
Ontem fomos à casa da Madre Teresa (Mother House) onde vamos trabalhar como voluntários e estivemos junto do seu tumulo. Falamos com umas irmãs que foram simpaticas e explicaram-nos que às quintas é dia de folga e que voltassemos lá amanhã (hoje) para nos inscrevermos.
Depois viemos para uma rua onde todos os voluntarios aqui em Calcutá se costumam encontrar, é a Sudder Street...conhecemos o café onde vamos comer durante o proximo mês, o Blue Sky Cafe.
À tarde, sem nada para fazer e com 42º, completamente ensopados, fomos dar uma volta e conhecer alguns sitios emblemáticos em Calcutá. No caminho houve um homem que deixou cair uma caneta para o chão e nós avisamo-lo de tal ocorrencia...ele ficou tão contente que ficou connosco toda a tarde e foi o nosso guia turistico privado! tivemos a conversar e a ver a parte mais gira (moderna) da cidade e a conhecer alguns costumes indianos. Foi bom porque senão tinhamos andado perdidos...
Ao fim da tarde fomos ao mercado de Calcutá! é um predio gigante tipo imperialista britanico por fora, mas por dentro é bem ao genero de Calcutá ... as ruas apinhadas de gente dos dois lados...de cinco em cinco metros há uma banca que vende roupa, comida, bebidas, carteiras, etc e de vez em quando uma vaca passa por nós! além de tudo isto as ruas teem o cheiro caracteristico de Calcutá ... imaginem cem indianos por metro quadrado com 42º e com esgotos e vacas,comidas e galinhas, cabras, carros, etc e ficam com uma ideia do que possa ser o cheiro!
Um dos confortos que encontramos até hoje é entrar em algum café ou qualquer lado que tenha ar condicionado e ficar à espera que a roupa seque!!!
Hoje, 5ª feira fomos de manhã à Mother House, onde se celebra a missa às 6h e o pequeno almoco é distribuido às 7h (uma fatia de pão bimbo sem nada e chá com leite e uma banana). Conhecemos lá um chileno de Schoenstatt que conhecia todos os nossos amigos da “porta de europa” e que nos teve a explicar e ajudar em algumas coisas, mas já se vai embora amanhã.... pensavamos que iamos comecar a trabalhar hoje mas as inscricões para os voluntarios são só à tarde por isso temos que ficar mais um dia sem fazer nada ... e por isso aqui estamos na internet a mandar-vos este pequeno e-mail!!!
por agora é tudo,
Mandem-nos e-mails, mensagens, cartas, telegramas, faxes, pombas, correio, etc que gostamos muito de receber qualquer coisa do nosso mundo!
Grande abraço e beijinho
Tomás e Rodrigo

PS - O Tomás e o Rodrigo são dois jovens estudantes universitários que resolveram dar um tempo das suas férias à obra da Madre Teresa em Calcutá. Partiram na 3ª feira, dia 31 de julho. O Tomás é treinador na Escolinha de Rugby da Galiza.