domingo, 22 de abril de 2007

No caminho!

A Escolinha foi ao Porto!

Com um tempo maravilhoso e em duas carrinhas amavelmente cedidas pela divisão de desporto da CMC, aí fomos nós num longo caminho que nos levou da Galiza ao Porto para um convívio nacional de Rugby. Para as nossas 34 crianças foi novamente um culminar de trabalho nos treinos semanais e uma oportunidade de jogar com outros miúdos.
Foi uma tarde de muitas corridas e estratégias, de brincadeiras e jogos e de muito apoio dado por um grupo de treinadores atentos e afectivos.
”Fiz amigos na Agronomia e no CDUP…fiquei muito contente pela nossa vitória sobre o Direito, porque jogámos muito bem e ganhámos a uma equipa que estava muito nervosa ...” afirmou o Luís Miguel, o nosso capitão dos infantis (10 aos 12 anos).
Quando chegámos ás 22h à Galiza, apesar do cansaço e da sujeira, a alegria era imensa.
Vam’lá Galiza!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

O orgulho de ser cigano

Segundo dizem os mais antigos, nomeadamente a D. Maria José Duro, moradora na Galiza há mais de 50 anos, o Sr. Domingos e a sua mulher D.Antónia foram os primeiros representantes da comunidade cigana a fixarem-se no bairro. Nos terrenos actuais do Fim do Mundo existia uma quinta vedada com muros de pedras, propriedade da viúva Leal, e foi ali encostada às pedras que aquele casal montou a sua tenda de pano. Com eles estavam os filhos, um deles hoje ainda vivo e a morar no actual bairro, o Sr. Cascavelho.
Nessa altura as mulheres desciam o morro, terreno agreste, cheio de “carrascos” e pedras, para irem à venda. Vendiam elásticos, botões, linhas e nastros e quando voltavam da venda carregavam os cestos com as mercearias já adquiridas. Deste esforço diário veio o nome do bairro e segundo os antigos tudo se deveu à distância que eles tinham de percorrer para voltar a casa: ”Ai filhoooo! Que nunca mais chego lá cima! Isto parece mesmo o fim do mundo!”.
Mais tarde, os primeiros rapazes de então, como o Sr. Cascavelho, começaram a ir trabalhar como caddy’s no golfe do Estoril. Ele lembra-se bem desse tempo e da exigência do próprio pai para que se apresentasse no campo sempre impecavelmente arranjado e de cabelo cortado. Foi no golfe que aprendeu a falar inglês para poder trabalhar com os “camones” e onde conheceu e fez amizade com pessoas tão importantes como o conde de Barcelona.
Muitos Senhores só queriam jogar desde que o caddy fosse sempre um de nós! Ficou muito conhecida a especial aptidão que os homens ciganos tinham para jogar golfe e um deles, o Andaluz, chegou a ser convidado para ir jogar como profissional para Espanha..."

segunda-feira, 16 de abril de 2007

"Vinde e vêde"


Projecto de Parceria do Estoril

“COMUNIDADE EM ACÇÃO – MALTA DO BAIRRO"

Hoje, 16 de Abril 2007, nas instalações do “ATL Galiza - Casa Grande” da Santa Casa Misericórdia de Cascais foi o encerramento do Curso de Formação Social e Humana, na área das Ciências Sociais e do Comportamento, frequentado por 15 Beneficiários de Rendimento Social de Inserção da freguesia do Estoril que assinaram o acordo de Programa de Inserção no âmbito de acções a favor da comunidade local.
O curso, financiado pela Câmara Municipal de Cascais – Divisão de Intervenção Sócio-Territorial, teve início na semana de 9 a 12 de Abril 2007 e foi ministrado em horário laboral, 4 horas por dia num total de 20 horas, tendo os conteúdos programáticos de formação sido divididos por quatro áreas principais: “Gestão da Nossa Vida”, “Educação para a Cidadania”, “Gestão de Conflitos” e “Relações Humanas e Assertividade”.
Este curso de formação teve como objectivo sensibilizar e motivar os participantes para a formação e o reforço da sua auto-estima, identidade e responsabilidade cívica, a fim de que os mesmos adquirissem competências pessoais, e outras, que favoreçam a sua inserção laboral, social e comunitária.
Como podemos ver pelas fotografias, neste dia, todos os Beneficiários se encontravam motivados e satisfeitos demonstrando colaboração e participação nas acções decorridas. No final, alguns elementos presentes da Equipa do Projecto “Comunidade em Acção – Malta do Bairro” (Santa Casa Misericórdia de Cascais, Câmara Municipal de Cascais - DIST, Empresa Municipal de Gestão do Parque Habitacional de Cascais – EMGHA, Centro Social Nossa Senhora de Fátima e Segurança Social de Cascais) efectuaram a entrega de crachás contendo o nome de cada um dos participantes, respectiva fotografia e referência do cargo que cada Beneficiário irá desempenhar junto do Bairro da Galiza na sequência das acções delineadas e acordadas no âmbito da medida do Rendimento Social de inserção (acções a favor da comunidade local).

A Técnica da Segurança Social de Cascais, Dra.Paula Santos

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Ser feliz!

Visita Pascal na comunidade da Galiza!


No domingo de Páscoa a Boa-Nova da Ressureição de Jesus Cristo foi levada a muitas familias e pessoas da nossa comunidade. O Padre António e o Padre Nuno da paróquia de Santo António do Estoril, acompanhados de crianças, jovens e adultos visitaram e abençoaram cerca de 100 casas na zona da Galiza.




"Jesus disse-lhes: Foi-me dado todo o poder no Céu e na terra. Ide, pois, fazei díscipulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo..."

segunda-feira, 2 de abril de 2007

A arte de bem trabalhar a cana!

Dois homens da comunidade da Galiza juntaram os seus saberes e hoje trabalham na difícil arte de confeccionar cestos para múltiplas funções a partir de canas apanhadas nos poucos canaviais, ainda existentes, em redor de S. João do Estoril.

Manel Quintino
• Português, 57 anos
• Reformado por invalidez
• Pai de 9 filhos
• Vive na comunidade do Fim do Mundo desde que nasceu.
Aprendi a arte de fazer cestos com o meu pai e com os meus tios… vivíamos deste trabalho para sobrevivermos. Na altura, eu era puto, hoje voltei a fazer! É uma maneira de juntar uns tostões à minha pequena reforma!

António Montes
• Português, 47 anos
• Desempregado
• Casado, pai de cinco filhos e avô de quatro netos
Aprendi a fazer cestos com o meu pai que Deus tem. Neste momento, junto com o Manel tento desenrascar-me na vida... Aceito encomendas de todo o tipo de cestos, e também faço esplanadas em cana para o jardim e «sombreros»!















Nota- Quem estiver interessado em saber mais pormenores do trabalho destes dois homens, pode contactar o nosso mediador Zé Luís Quintino através do telemóvel 938 802 100

Histórias de vida de uma comunidade

Relato da vida do Sr. Armando Barros, um elemento da comunidade da Galiza.

"O Sr. Domingos e a D. Albertina casaram-se em Cabo Verde em 1917. O seu 1º filho, Virgílio, nasceu na povoação de S. Domingos, freguesia de S. Nicolau Tolentino, cidade da Praia. De seguida nasce o Sr. Armando Barros e mais quatro irmãos, o Cândido, a Maria da Conceição, a Maria e a Santa.
O pai do Sr. Barros era agricultor, trabalhava no seu terreno (“sítio”) de onde tirava milho, feijão, batata-doce e outros produtos agrícolas. O que tirava da terra era suficiente enquanto houve chuva, mas em 1931 houve uma “faltazita”. Normalmente a chuva começava em Julho e chovia durante três meses.
A partir de 1946 começou a seca que dura desde então o que obrigou muitos cabo-verdianos a abandonar a sua terra.
Além de cultivarem a terra, a família criava gado: porcos, galinhas, coelhos, etc.
O pai e a mãe do Sr. Barros tinham a instrução primária. O gado estava preso na manjedoura e o Sr. Barros antes de ir para a escola, apanhava palha para os animais e só então caminhava quatro km para ir estudar. As casas eram normalmente feitas de pedras e algumas pessoas rebocavam-nas. O telhado era feito de madeiras de coqueiros (barrotes). Quem tinha posses punha palha ou então telhas no telhado...
Com a seca o Sr. Barros foi com o irmão para Angola de barco, onde foram trabalhar para a Companhia de agricultura em Gabela. Porquê? Porque Angola precisava de mão de obra e os cabo-verdianos tinham fama de serem muito trabalhadores pois tinham que aproveitar os três meses de chuva para nas suas terras tirarem o máximo de produtos!»

Nota- O Sr. Barros, recentemente falecido, era pai da Paula, da Mafalda, do Rolando e do Beto, miúdos que em 1987 frequentavam o ATL da Galiza.
Este testemunho dado há muitos anos pela sua esposa é uma homenagem a uma família angolana que, apesar de todas as dificuldades vividas tentou sempre, e com toda a dignidade possível, ser um modelo de família na nossa comunidade.